sábado, 18 de dezembro de 2010

VOLÚVEL!



Quando quero dar-te beijos,
Sempre me ofereces beijinhos,
Em troca dos teus carinhos,
Perco-me de paixão e desejos.


Canto-te poemas de amor,
Que tu apenas desfolhas,
Mando-te rosas vermelhas,
Tu dizes: perderam cor!


Em volubilidade de amar,
Sinto que me estás a enganar,
E me escondes os caminhos.


Nesta paixão de lampejos,
Um dia vais dar-me beijos
E eu só te dou beijinhos.




Carlos Manuel Fernandes Gonçalves


Quinta do Anjo, 18 de Dezembro de 2010 (12H18)



sábado, 11 de dezembro de 2010

NATAL [… Menino]!

Menino peço -Te a graça,
De não seres sempre menino,
Em criança tudo passa,
Mas não é esse o destino.

Tantas eras já passadas,
Menino Jesus é Teu nome,
Tantas esperanças terminadas,
Tantas crianças com fome.

Jesus não tenho devoção,
Para Te pedir perdão,
Das culpas em que me afundo.

Mas uma coisa eu Te digo,
Que seja para meu castigo,
Mas Divino salva o Mundo!

Quinta do Anjo, 10 de Dezembro de 2010

Carlos Manuel Fernandes Gonçalves

sábado, 4 de dezembro de 2010

FRAGA [… memória]!


Na minha existência,
Enchi uma fraga de nomes,
De poemas,
De imagens,
De corações…
Ficou uma gravação,
Não a cinzel,
Não nas cinzas,
Não no silêncio…
Ficou um memorial gritante,
Um eco dos meus passos,
Uma marca do meu viver…
Hoje, quando registo,
Um novo nome,
Uma nova emoção,
Uma nova paixão,
Quero apagar os antigos,
A rocha já não tem espaço…
Mas não,
As memórias de antanho,
Mais escuras,
Prevalecem,
No rosto da pedra,
Na alma de mim!


Carlos Manuel Fernandes Gonçalves


Quinta do Anjo, 3 de Dezembro de 2010 (15H46)

domingo, 28 de novembro de 2010

MARIA [… amor]!


Quando andei perdido na vida,
Pensava na Maria.
Quando encontrei o teu olhar,
Olhava a Maria.
Quando ouvi a tua voz,
Ouvia a Maria.
Quando sonhei contigo,
Sonhava com a Maria.
Quando peguei na tua mão,
Pegava na da Maria.
Quando te abracei,
Abraçava a Maria.
Quando te dei o primeiro beijo,
Beijava a Maria.
Quando fizemos amor,
O corpo era da Maria.
Quando me apaixonei por ti,
Esqueci a Maria.
Hoje que te perdi,
Amo a Maria!

Carlos Manuel Fernandes Gonçalves

Quinta do Anjo, 25 de Novembro de 2010 (15H38)

domingo, 21 de novembro de 2010

MAR [… sinfonia]!


O teu corpo é melodia,
No fogo das tuas chamas.
Sedução onde inflamas,
A cópula da maresia.

Em sinfonia de amar,
Toco o fundo do teu ser,
Onde os sons do teu gemer,
São musas a declamar.

Nas árias do teu encanto,
Tuas ondas são o canto,
Onde deleito o sonhar.

Na paixão do meu viver,
Não me inquieta morrer,
Só para te amar… oh mar!


Carlos Manuel Fernandes Gonçalves

Quinta do Anjo, 20 de Novembro de 2010

terça-feira, 16 de novembro de 2010

A CABANA [… desejos]!



A CABANA!

Desci do alto da serra,
Quando subir mais não podia,
Desabei nesta agonia,
Vivo atolado na terra.

Deixei o telhado do céu,
A cabana em que te tinha,
A paixão em que eras minha,
Desço ao mundo cor de breu.

Sou rocha, pedra de xisto,
Memorial onde registo,
Os teus lábios de carmim…

Em eterno desencontro,
Apenas em ti me encontro,
Quando me perco de mim.


Carlos Manuel Fernandes Gonçalves

Quinta do Anjo, 14 de Novembro de 2010


DESEJOS

No ornato plangente dos sonhos
delirantes,
Muitas mulheres me dão o corpo
virtual,
Muitas paixões me dão a alma
mortal…
(Na vida, amor…)
Só em ti sacio os meus desejos
ardentes!

Carlos Manuel Fernandes Gonçalves

Quinta do Anjo, 14 de Novembro de 2010

domingo, 7 de novembro de 2010

AMOR […metamorfose]!



Dispo o meu sonhar,
De noite à luz da lua,
No brilho vejo-te nua,
Lascivo o meu olhar…

Quero te abraçar,
Beber-te de beijos,
Orgia de desejos,
A posse de te amar…

És uma flor, jasmim,
Te desfolhas para mim,
E desnudas à noitinha.

Mas voltas a ser flor,
Metamorfose, amor,
De dia, negas ser minha.


Carlos Manuel Fernandes Gonçalves

Quinta do Anjo, 7 de Novembro de 2010

domingo, 31 de outubro de 2010

ALMA […eternidade]!



Semeio um verso magoado,
Numa existência finita,
E em tormenta infinita,
Recolho um triste fado.


Quero ser pedra perdida,
Memória da minha idade,
Amar na eternidade,
A paixão da minha vida.


Tão grande é o meu temor,
De perder-te, meu amor,
Só o teu beijo me acalma.


Quando um dia eu morrer,
Quero continuar a viver,
Contigo na minha alma.


Carlos Manuel Fernandes Gonçalves


Quinta do Anjo, 30 de Outubro de 2010


sábado, 23 de outubro de 2010

S O M B R A !




Entre o medo e o afoite,
Sou a sombra que vagueia,
Por entre os montes de areia,
Entre o pôr-do-sol e a noite.


Pira onde me abraso,
Silhueta emudecida,
Em insídia feita vida,
Uma sombra sem ocaso.


Neste destino sem dia,
Quando a noite irradia,
As penas deste meu mundo...


És uma quimera, amor,
Angústia em trevas de dor,
Procela onde me afundo…




Carlos Manuel Fernandes Gonçalves


Portimão, Praia da Rocha, 19 de Outubro de 2010



quinta-feira, 14 de outubro de 2010

E X I S T O ...?



Descartes, após duvidar da sua própria existência, chegou à conclusão: 'penso, logo existo!'. Hoje voltei ao meu velhinho, mas sempre amado, Bairro-Alto e depois de tantas interrogações que venho formulando a mim próprio, encontrei a resposta neste painel inscrito num velho prédio, ali perto do Teatro da Trindade: 'penso mas não existo!'.


Carlos Manuel Fernandes Gonçalves

Quinta do Anjo, 13 de Outubro de 2010

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

T R A V E S S A S - A MINHA TERRA

TRAVESSAS:


Travessas, fascínio meu!
Terra, serra, natureza...
No verde da tua beleza,
Eu sonho o azul do céu.





Travessas - vista geral


Travessas - rua principal


Casa de xisto
 

Eira de milho


Largo da aldeia - Cabeço


Carvalhas do Cabeço


Travessas - vista geral - nascer do sol


Jardim- casa aldeia 


Jardim - casa aldeia


Travessas - vista parcial - nascer do sol


Casa de xisto


Casa de xisto


Travessas - vista parcial - Cabeço


Vale de Baixo


Cabeço -  vista de serra


Travessas - placa toponímica - entrada aldeia




Capela


Entrada da aldeia - Cabeço



Carlos Manuel Fernandes Gonçalves

Travessas, 30 de Outubro de 2010




 

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

D E S T I N O !




Por entre as folhas do Tempo,
Cismo o frívolo da vida.
Sei que nasci a destempo,
Em caminho só com ida.

Não vi germinar os ninhos,
Esperança da natureza.
Calei a poesia dos sonhos,
Cantei o rocio da tristeza.

Tempo de tropeço na vida,
Neste destino feito ida,
É a claridade que mondo.

Sou fantasma, quimera, sombra,
Grito inane que me assombra,
Soluço onde me escondo!


Carlos Manuel Fernandes Gonçalves

Quinta do Anjo, 25 de Setembro de 2010

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

OUTONO - DESACERTO!



Se,
pudesse ter rosas no jardim da minha casa, para oferecer-te,
eu gostava do Outono;
Se,
pudesse ver no mar a cor do céu, a cor dos teus olhos,
eu gostava do Outono;
Se,
pudesse ver a Lua quando, na noite escura, te beijo com paixão,
eu gostava do Outono;
Se,
pudesse ver estrelas, numa tarde de Sol, quando te sonho,
eu gostava do Outono;
Se,
pudesse ver em ti a minha musa, na inspiração da tua imagem, quando nos perdemos nas ondas do mato verdejante, na serra da minha terra,
eu gostava do Outono;
Se,
pudesse pintar a beleza do teu corpo desnudado,  num campo de flores,
eu gostava do Outono;
Se…


Disseste que gostas do Outono. Que é mesmo a tua estação preferida!

Gostas do Outono, gostas dos dias a diminuir, dos dias cinzentos, das nuvens do entardecer, do pôr-do-sol pardacento, das folhas secas, da vida caída, do desnudar das árvores, dos campos grisalhos, dos jardins vazios, da antevisão do ocaso …

Eu, no oposto, não gosto do Outono, gosto da Primavera, dos dias a crescer, do nascer do sol, dos dias de luz, do renascer da natureza, do rebentar das folhas, do vestir das árvores, dos campos verdejantes, dos jardins floridos, do amanhecer da vida …

Duas imagens em confronto: dum lado, a juventude que sabe que pode admirar a natureza morta, ver encanto no ocaso do dia, viver o presente, sonhando o amanhã, sem ter medo do futuro; do outro, na antevisão dos medos da decadência, o desejo de nascer todos os dias, viver cada dia como se fosse uma vida, admirar a natureza em todo o seu esplendor, sentir a esperança do amanhã, mesmo quando se vive na desesperança do hoje…

Temos os sentidos trocados: tu, que és Primavera, gostas do Outono; eu, que sou Outono, gosto da Primavera!

Neste desacerto de sentimentos, uma certeza, gostas do Outono, gostas de mim… eu sou o Outono da vida!


Quinta do Anjo, 22 de Setembro de 2009

Carlos Manuel Fernandes Gonçalves


(Repetido, sim, porque todos os anos há desacertos nos Outonos da vida... porque este ano tenho rosas no jardim do meu Outono).


quinta-feira, 16 de setembro de 2010

ESPANTAR ESPANTALHOS!




Em toda a minha vida espantei, espantalhos!

Na meninice e adolescência, na minha aldeia, espantava os espantalhos, que os agricultores colocavam nos campos para evitar que os pássaros comessem a colheita, no sentido de dar liberdade à natureza;

Na juventude, nas tascas e bares do Bairro - Alto, em Lisboa, espantava os espantalhos, persuadindo-os na expressão sarcástica do meu calão;

Hoje, espanto espantalhos com a pena da minha prosa e da minha poesia;

Amanhã, vou espantar o espantalho da morte, enganando-o, dizendo-lhe não, na imagem da minha puberdade…




Carlos Manuel Fernandes Gonçalves


Quinta do Anjo, 15 de Setembro de 2010

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

M O S T O !



Foi em Agosto
Que te conheci.
No ferver do mosto,
O fogo de ti!


O vinho ardeu
E consolidou.
A paixão cresceu,
O tempo passou.


Em rio sem rumo,
O fogo foi fumo,
O amor extinto.


Margem emersa,
Aragem dispersa,
Mágoa que pinto!




Carlos Manuel Fernandes Gonçalves


Quinta do Anjo, 23 de Agosto de 2010

domingo, 29 de agosto de 2010

A M O - T E !




Amo-te!
Amo-te mais que a mim,
Amo-te mais que a ti!


Amo-te, em nuvem onírica,
Teus sonhos a minha lírica,
Poesia linda do meu viver.
Em teu coração a minha paixão,
Na tua alma a minha perdição,
Bebo em ti a sede do meu ser…


(A ti... amo-te!)


Quinta do Anjo, 29 de Agosto de 2010 (15H08)


Carlos Manuel Fernandes Gonçalves

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

POESIA... MELANCOLIA!



ESTAÇÃO DA VIDA!



Vida é uma estação,
Perdida no tempo…
Pérfida alucinação,
Amor em destempo!


Nasci no tórrido, Verão,
Moro no triste, Outono…
Primavera foi paixão,
Inverno é abandono!


Em cais de despedida,
Murmuro… adeus vida,
Não te pedi para vir!


Foste ingrata comigo,
Assim, agora te digo,
Abandono-te… vou partir!


Quinta do Anjo, 18 de Agosto de 2010 (10H50)


Carlos Manuel Fernandes Gonçalves




(des)CONHECER-TE!

Olho-te nos olhos,
Desnudo-te a alma…
Vejo-te:
Mulher,
Fogo;
Paixão,
Nua…
Conheço-te o corpo, sem te conhecer,
Perdi a alma, que deu alma ao meu viver!


Quinta do Anjo, 13 de Agosto de 2010 (15H23)


Carlos Manuel Fernandes Gonçalves

sábado, 7 de agosto de 2010

MARIA [... dor]!



Na suavidade da brisa,
Tantas Marias conhecia,
Maria, qualquer coisa,
Qualquer coisa, Maria.

Para minha desgraça,
Em loucura permanente,
Marias perderam graça,
No deslizar da corrente.

Hoje amo vendavais,
Prantos, desejos, ais,
Uma vida que não vivo.

Não posso amar-te, amor,
E neste viver de dor,
Deste amor morro cativo.


Quinta do Anjo, 7 de Agosto de 2010 (16H19)

Carlos Manuel Fernandes Gonçalves



sábado, 31 de julho de 2010

PÔR-DO-SOL!



Em sonhos eu te queria,
Na vida eu te adorava!
Não, não era utopia,
Sinto mesmo que te amava.
Era paixão,
Perdição…


Amei-te demasiado,
Demasiado para te perder!
Triste a sina do meu fado,
Amar quem não posso ter.
Nesta angustia, que canto,
Pôr-do-sol de desencanto.

(Em tempos, escrevi e te disse: 'estranhamente nunca disse que te amo, mas te chamo de amor!'. Hoje, ao dizer-te adeus, te confesso: chamei-te de amor, agora te digo: 'amo-te'!

Carlos Manuel Fernandes Gonçalves

Quinta do Anjo, 26 de Julho de 2010

quarta-feira, 21 de julho de 2010

PEGADAS NOS SONHOS


Fim de tarde.
Pôr - do - dia!
Andavas na praia, figura diáfana na aragem, a areia cor de sol marcava na sombra, o desenho dos teus passos.
Corpo ondulante de muitas colinas, cabelos rebeldes no arfar da brisa, olhos esverdeados no reflexo da cor do mar, pele dourada na seara do crepúsculo…
Eras um ser irreal na enseada onde me encontrava, o teu perfume tinha o cheiro da maresia, a elegância do teu andar era imitado no voo das gaivotas, o teu rosto esculpido em pérolas na procura do finito, os meus olhos deslumbrados na procura dos teus... E eles encontraram-se e eu estremeci, não eras uma desconhecida para mim, eras a realidade dos meus sonhos, o mar da minha paixão...
O dia ficava noite. No entardecer, tu eras o meu amanhecer.
Não falámos muito, para quê, os nossos olhos falavam paraísos, as nossas mãos entrelaçadas eram nós cegos, os nossos lábios âncoras onde fundeámos beijos, os nossos corpos o oceano dos nossos desejos…
E foi ali, abrigados em castelo de rochas, deitados em leito de areia, que, perdidos, nos encontrámos, bebi o suor do teu corpo, beijei-te onde não deixas que o sol te beije, saciámos a fome dos nossos desejos…
Quando acordei, não estavas junto a mim, apenas o desenho de ti marcado no nosso lençol, o calor do teu corpo eram agora os raios do sol, senti um tremor e pensei se tudo não teria sido um devaneio. Levantei-me e olhei que os teus passos, marcados na areia, se dirigiam para o mar. Segui a direcção do teu rasto, entrei na água, vislumbrei a tua efígie na miragem do imenso, na loucura de mim abracei as águas e elas esvaíram-se soltando-me o vazio, beijei as ondas do mar e elas segredaram lamentos deixando-me espuma nos lábios, chamei por ti e apenas me respondeu o murmúrio da brisa nos ais das gaivotas…
Saí do mar, voltei para o recanto que foi o éden da minha noite. No regresso vi que as tuas pegadas tinham sido engolidas pela maré cheia e que as marcas do teu corpo tinham sido alisadas pelo vento marinho, tudo se tinha dissipado, nada restava de ti…
Na angústia de mim, um pensamento: eras mulher, eras ninfa, ou foste apenas o sonho naufragado de uma noite de verão!




Praia do Carvoeiro, 10 de Julho de 2010


Carlos Manuel Fernandes Gonçalves


quarta-feira, 30 de junho de 2010

ALMA PERDIDA



O meu corpo voa em chamas,
Disperso nas sombras do mar.
Tu andas com quem não amas,
Eu amo quem não posso amar.
Em ondas de desacerto,
São saudades que liberto!


Triste falar de saudade,
Neste viver sem sentido,
Alma louca, tempestade...
Ando na vida perdido,
Nada do meu corpo é meu,
Nada do que eu sou, sou eu!


Carlos Manuel Fernandes Gonçalves

Quinta do Anjo, 5 de Março de 2010