sábado, 31 de julho de 2010

PÔR-DO-SOL!



Em sonhos eu te queria,
Na vida eu te adorava!
Não, não era utopia,
Sinto mesmo que te amava.
Era paixão,
Perdição…


Amei-te demasiado,
Demasiado para te perder!
Triste a sina do meu fado,
Amar quem não posso ter.
Nesta angustia, que canto,
Pôr-do-sol de desencanto.

(Em tempos, escrevi e te disse: 'estranhamente nunca disse que te amo, mas te chamo de amor!'. Hoje, ao dizer-te adeus, te confesso: chamei-te de amor, agora te digo: 'amo-te'!

Carlos Manuel Fernandes Gonçalves

Quinta do Anjo, 26 de Julho de 2010

quarta-feira, 21 de julho de 2010

PEGADAS NOS SONHOS


Fim de tarde.
Pôr - do - dia!
Andavas na praia, figura diáfana na aragem, a areia cor de sol marcava na sombra, o desenho dos teus passos.
Corpo ondulante de muitas colinas, cabelos rebeldes no arfar da brisa, olhos esverdeados no reflexo da cor do mar, pele dourada na seara do crepúsculo…
Eras um ser irreal na enseada onde me encontrava, o teu perfume tinha o cheiro da maresia, a elegância do teu andar era imitado no voo das gaivotas, o teu rosto esculpido em pérolas na procura do finito, os meus olhos deslumbrados na procura dos teus... E eles encontraram-se e eu estremeci, não eras uma desconhecida para mim, eras a realidade dos meus sonhos, o mar da minha paixão...
O dia ficava noite. No entardecer, tu eras o meu amanhecer.
Não falámos muito, para quê, os nossos olhos falavam paraísos, as nossas mãos entrelaçadas eram nós cegos, os nossos lábios âncoras onde fundeámos beijos, os nossos corpos o oceano dos nossos desejos…
E foi ali, abrigados em castelo de rochas, deitados em leito de areia, que, perdidos, nos encontrámos, bebi o suor do teu corpo, beijei-te onde não deixas que o sol te beije, saciámos a fome dos nossos desejos…
Quando acordei, não estavas junto a mim, apenas o desenho de ti marcado no nosso lençol, o calor do teu corpo eram agora os raios do sol, senti um tremor e pensei se tudo não teria sido um devaneio. Levantei-me e olhei que os teus passos, marcados na areia, se dirigiam para o mar. Segui a direcção do teu rasto, entrei na água, vislumbrei a tua efígie na miragem do imenso, na loucura de mim abracei as águas e elas esvaíram-se soltando-me o vazio, beijei as ondas do mar e elas segredaram lamentos deixando-me espuma nos lábios, chamei por ti e apenas me respondeu o murmúrio da brisa nos ais das gaivotas…
Saí do mar, voltei para o recanto que foi o éden da minha noite. No regresso vi que as tuas pegadas tinham sido engolidas pela maré cheia e que as marcas do teu corpo tinham sido alisadas pelo vento marinho, tudo se tinha dissipado, nada restava de ti…
Na angústia de mim, um pensamento: eras mulher, eras ninfa, ou foste apenas o sonho naufragado de uma noite de verão!




Praia do Carvoeiro, 10 de Julho de 2010


Carlos Manuel Fernandes Gonçalves