quinta-feira, 22 de novembro de 2012

SER POETA!





Um poeta olha a vida com desdém,
É um visionário, um louco,
Para ele este mundo é pouco,
Quer ver sempre mais além.


Vive perdidamente as paixões,

Faz da vida um mundo de utopias,
O real do seu ser são fantasias,
Todos os dias são apenas ilusões.

 
Nunca recorda o passado,
Os espelhos ficam de lado,
Para esquecer decadências.

 
Vive na noite os sonhos do dia,
A fuga aos amores é cobardia,
Morre, vivendo, em ardências.

 

 
Carlos Manuel Fernandes Gonçalves

Quinta do Anjo, 19 de Agosto de 2012 ( 17H32)

sábado, 10 de novembro de 2012

PAIXÃO [… fogo sedento]!





Paixões são corpo evadido,
São ardentes ondas de fogo,
Onde sempre ando perdido,
Onde tantas vezes me afogo.

 
As marés ficam vazias,
Mas sempre voltam a encher,
As achas quando em cinzas,
Nunca mais voltam a arder.

 
Perdi-me nos olhos teus,
Ficaste presa nos meus,
A tua alma madrigal.

 
Mas antes da madrugada,
Foste a sede salgada,
Fonte seca, vendaval…

 

 
Carlos Manuel Fernandes Gonçalves

Quinta do Anjo, 2 de Novembro de 2012 (16H49)

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

UMA PRAIA DE AMOR!





Praia,
Noite de lua cor crescente,
Ao longe o murmúrio das ondas,
Em nós o fogo dos corpos…
A lua enluarada, apaixonada,
O olhar das estrelas silenciosas no alto,
O testemunho míope das gaivotas,
O perfume da maresia no cheiro da tua pele,
O luar nas sombras dos nossos corpos…
Um leito de areia,
Uma boca dentro de outra boca,
Braços encontrados em outros abraços,
Pernas entrelaçadas num nó sem laço,
Os teus seios esmagando o meu peito,
O teu sexo no beijo do meu,
Os ais na maré dos desejos,
Tu em mim,
Eu em ti,
Dois corpos num só…
O orgasmo das águas,
Loucura de éden,
Na espuma das ondas,
Que desagua em nós.

 

Carlos Manuel Fernandes Gonçalves

Praia do Carvoeiro, 22 de Julho de 2012

domingo, 28 de outubro de 2012

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

sábado, 18 de agosto de 2012

TATUAGEM!




Há mulheres que fazem tatuagens,
Pigmentam a pele com agulhas,
Marcam o corpo,
Muitas vezes de forma irreversível,
Como uma obra de arte.
Fazem tatuagens diversas,
A maior parte no reflexo da paixão,
Do amor que vivem…
Um signo, seu ou do amado, no pescoço abaixo da orelha,
Uma rosa num braço,
Um coração no seio esquerdo,
Um deus ou figura mitológica nas costas,
Uma fada no dorso,
Uma qualquer flor na barriga,
Uma borboleta na vagina,
Um dragão ou um laço nas nádegas,
Um nome ou um ‘amo-te’ numa perna,
Uma estrela num pé…
Também tu marcaste no teu corpo,
O signo da paixão do homem que amas.
Esqueces,
Essa marca hoje tem um nome,
Amanhã vai ter outro nome…
Nesse momento,
Tu vais arrancar do teu corpo,
Deixar em carne viva,
A marca, de um nome já apagado,
Da tua alma,
Do teu coração…
Depois,
Volta o fogo da paixão,
Segue-se um novo amor,
Vais fazer uma nova tatuagem,
Um novo signo,
Em marca que ainda sangra…
Eu, nunca vou tatuar o meu corpo,
Quando te conheci,
Marquei na minha alma o teu coração,
Uma tatuagem feita com sangue,
Uma marca indelével,
Eterna,
Da minha paixão,
Do meu amor por ti…



Carlos Manuel Fernandes Gonçalves

Quinta do Anjo, 17 de Agosto de 2012 ( 22H15)

segunda-feira, 2 de julho de 2012

MENU [… de amar]!



Hoje, espero-te na cabana,
No leito da nossa paixão.
Tu, amor,
És uma deusa,
Eu sou apenas um homem!
Um homem que te chama de amor,
Que te adora,
Que te quer,
Que te deseja...
Quero que sejas o meu manjar,
Um degustar de encantos,
Um manjar de amar...
O teu corpo é oásis,
De sonhos,
De belezas,
De maravilhas,
De prazeres...
Fios de vinho velho, na imagem do teu cabelo,
Ovos de chocolate, na doçura dos teus olhos,
Framboesas, no fogo dos teus lábios,
Gelatina, no fascínio da tua língua,
Geleia de flores, no perfume do teu suor,
Melões e pudim flan, no sensual dos teus seios,
Águas virginais, na tua ligação à criação da vida,
Melancias suculentas, no relevo das tuas ancas,
Licor de champanhe, na fonte dos desejos,
Favos de mel, nas margens encantadas do riacho,
Mousse de gila, com sabor a maresia, no vale do paraíso,
Leite creme, no desaguar das ondas de (a)mar...
Depois de saciar,
A fome,
A sede,
Os desejos insanos,
A tempestade da alma,
O vendaval da paixão...
Fica a loucura,
Eterna
De mim,
Na perdição,
De ti...


Carlos Manuel Fernandes Gonçalves

Quinta do Anjo, 1 de Julho de 2012

sábado, 30 de junho de 2012

PASSOS PERDIDOS!




Na perdição dos meus passos,
Andas perdida de ti.
Na loucura que me assombra,
Procuro-te dentro de mim.
A minha alma é o encontro,
Dos nossos espaços em branco.



Carlos Manuel Fernandes Gonçalves

Quinta do Anjo, 28 de Junho de 2012

segunda-feira, 25 de junho de 2012

UTOPIA!





Chegaste!

Vieste do tempo ou do nada, chegaste sem te chamar, entraste sem avisar.

Lembro-me do dia em que apareceste, um dia cálido, era estio, fantasma ou sereia da serra, e te instalaste, quase sem dar por isso, no recanto do meu ser, silenciosamente, como uma brisa passada por entre as frinchas da minha pele.

Entraste na minha vida, uma luz translúcida na opacidade do vazio, fiquei fascinado no sentir da tua figura omnipresente, na imagem do teu sorriso sonhado, na meiguice da poesia da tua voz, na doçura do virtual dos teus lábios…

A tua presença veio trazer-me prados em flor, serras de matos sedosos, asas para voar no quimérico do infinito, esperança de dias a amanhecer, oceanos agasalhados em beijos, mas trouxe-me, também, mais inquietude ao meu desassossego, perturbou-me o espírito, incendiou-me a alma.

Não sei quem és! Não sei se encenas o passado ou o futuro da minha vida, na minha angústia de hoje, eu sei, és ilusão na paixão, és apenas utopia!

Num dos próximos dias, tal como chegaste, vais ser nuvem e desaparecer. Vais levar contigo o onírico de mim, o fogo do vulcão com que me abrasaste o coração, a lava vai ser pedra fria, no abandono do abraço dos sentimentos, no fim do prazer dos sentidos…

Vou quedar-me tição apagado, no crepúsculo da ausência, vento uivante, na tempestade da alma, paixão esquecida, no anoitecer da vida.

Nesse instante, vou colocar-te no sidéreo do meu universo, uma estrela no firmamento de estrelas, uma luz que eu possa ver nos dias da minha escuridão, nos gritos do meu ser, nas noites de saudade…

(Partiste! Folha solta, levada pelo vento… Era Outono!)


 Carlos Manuel Fernandes Gonçalves

quarta-feira, 20 de junho de 2012

AMOR [... chegada]!




O amor não tem momentos certos de chegar,
Umas vezes é madrugada, outras entardecer...


Carlos Manuel Gonçalves

Quinta do Anjo, 20 de Junho de 2012




sábado, 16 de junho de 2012

N O M E DE R O S A!



As pessoas,
As que tem nome,
São gente.
As flores,
As que tem perfume,
São paixão.
Tu és rosa,
Tens nome,
Tens perfume,
És amor.


Carlos Manuel Fernandes Gonçalves

Quinta do Anjo, 16 de Junho de 2012

sexta-feira, 4 de maio de 2012

JARDIM [… desfolhado] DA VIDA!





Tu,
Uma beleza,
Beijo,

Desejo,
Rosa viçosa,
Vermelha,
Paixão…
Fazes da tua vida,
Um jardim de flores!
Na tua casa entram:

Outras rosas, paixão,
Cravos em flor, amor,
Dálias vermelhas, ardentes,
Gladíolos, desejos,
Orquídeas, luxúria,
Magnólias, natureza,
Gardénias, segredos,
Tulipas, amores ardentes,

Jarros, pureza,
Violetas, simplicidade,
Lírios selvagens, felicidade,
Amores-perfeitos e imperfeitos…
Todas estas flores,
São escolhidas por ti,
Do prado dos teus encantos,
Do teu jardim de desejos…
Colhes com carinho,
Levas,
Abraças nos teus beijos,
Colocas no cantinho mais íntimo de ti…
Ficam contigo,
Cinco minutos,
Uma tarde,
Uma noite,
Um dia,
Um mês,
Um ano…
Algum tempo incerto,
Mas nunca uma vida!
Em momentos,
Todas estas flores te dão,

Êxtase dos sentidos,
Beleza,
Perfume,
Paixão,
Prazer…
Estas flores ocupam o seu espaço,
Tem o teu tempo,
Vivem o onírico do momento…
Quando começam a murchar,
A perder o perfume,
A desfolhar,
Decadência,
Folhas secas,
Perdidas no tempo,
É tempo da renovação,
De encontrar novos prados,
Novos jardins,
Novas flores,
Novos desejos…

Esqueces que estas flores,
Tem vida,
Tem sentimentos,
Amam e sofrem,
Tem coração,
Tem alma…
Não interessa, pensas tu,
Tudo na vida rejuvenesce,
Por isso há estações do ano,
Da vida,
Outonos e primaveras…
… E a vida, para ti, é sempre primavera!
Um dia mais tarde, no ocaso de ti,
Tu, uma rosa já desfolhada,
Vais chegar a uma angustiante certeza:
A flor que mais quiseste,
A flor que mais amaste,
Foi aquela que nunca colheste,
Aquela que nunca tiveste!


Carlos Manuel Fernandes Gonçalves
Quinta do Anjo, 22 de Abril de 2012

quinta-feira, 26 de abril de 2012

PALAVRAS!





Palavras...
São susurros da brisa,
Vento gritante,
Ondas amantes,
Mar alteroso,
Ceu quimera,
Pintura de tormenta,
Lua nascente,
Sol poente...

Palavras...
São insónias dolentes,
Posse dos silêncios,
Perfume de cinzas,
Espaços esquecidos,
Pensamentos vazios,
Inspirações utópicas,
Sonhos errantes,
Angustias poéticas...

Palavras...
Somos nós,
Quando nos amamos,
Na entrega dos corpos,
Tu em mim,
Eu em ti,
Somos um só,
Uma só palavra,
Amor...



Carlos Manuel Fernandes Gonçalves

Quinta do Anjo, 18 de Abril de 2012

sexta-feira, 13 de abril de 2012

‘BESAME MUCHO’ [… ondas de amar]!




‘Besame mucho’!
A música a suspirar,
Voando no paraíso dos sonhos...
Os nossos corpos, nus, enlaçados,
As minhas mãos na carícia dos teus cabelos,
A minha língua no delírio da tua boca,
Os bicos túmidos dos teus seios no arrepio dos pêlos do meu peito,
O beijo húmido dos nossos sexos,
As nossas ancas em movimentos de ondas de amar,
A volúpia da posse,
O desaguar da paixão,
O saciar dos nossos corpos insaciáveis…
‘Besame mucho’!
A música…
Dos nossos desejos,
Das nossas loucuras,
Da nossa fome,
Do nosso gozo…
Na sede da paixão,
Na perdição de te amar!


Carlos Manuel Fernandes Gonçalves

sexta-feira, 23 de março de 2012

REGRESSO [… primavera]!




Voltaste!

Brisa de beleza no amanhecer, luz matizada de arco – íris estampada na orvalhada, campos de azul na amálgama do céu, árvores de abraços em flor, jardins túmidos de esperança, riachos a bordejar no abraço de choupos e salgueiros, andorinhas voando no imutável dos sonhos…

Regressaste!

Trouxeste o corpo, mas também a alma!

Chegaste nua, quiseste dizer-me que trazias a pureza que sempre te conheci, nada tinhas a esconder, regressavas a mesma mulher, o mesmo corpo, agora com alma, voltavas aos meus braços…

E eu abracei-te o corpo e beijei-te a alma, enlaçados corpo e alma, virgens de sentimentos, apaixonados, fizemos amor no leito da natureza, sorrimos felizes, regressámos à vida.

Semeei espigas de trigo nas colinas do teu corpo, plantei riachos nas tuas entranhas, nesta sementeira, a fecundação do teu ser, a eternidade do paraíso da terra, o matar da minha fome, o saciar da minha sede…

Estranhamente, nunca disse que te amo, mas te chamo de amor!

A tua ausência inspirou-me, na angústia, palavras com poesia. Contigo, minha querida, perdi todo o estro poético… na paixão, só tu és a minha inspiração!

Meu amor regressaste… que linda a Primavera!



Carlos Manuel Fernandes Gonçalves

segunda-feira, 19 de março de 2012

DIA DO PAI - 'ACACIO DE TRAVESSAS' - ETERNA SAUDADE!




Partir!
Saudade!
Duas palavras que exprimem uma despedida, uma nostalgia, um sentimento de dor!

Partiste, meu pai, sem te despedires, foste ingrato, ires embora quando mais tínhamos necessidade de ti.

Saudade, pai, da tua presença amiga, da sabedoria dos teus conselhos, da fraternidade que sabias transmitir à família e aos amigos.

Partiste, levaste contigo um pouco de nós, assim como levaste a tua terra, Travessas, terra que tanto amavas.

Saudade, da tua jovialidade, da irrequietude, da confraternização, das festas, do convívio em qualquer lugar, do lançar do foguete mesmo que fosse necessário inventar pretexto…

Partiste, já fez 15 anos, muitos anos de ausência, deixaste um vazio irreparável, podias ter partido mais tarde, com a tua maneira de ser, ainda hoje eras jovem.

Saudade, dos passeios que dávamos pelos campos, da tua alegria quando mostravas um novo enxame de abelhas, no nascimento duma vinha com nova casta, na floração duma jovem planta, no êxito duma enxertia feita em ramo de árvore bravia…

Partiste, deixaste uma terra abandonada, as silvas e as ervas daninhas ocuparam o espaço dos campos verdejantes, as vozes passaram a silêncios, as águas, outrora cristalinas e puras, passaram a turvas e inquinadas, os pássaros ou desapareceram ou ficaram mudos, a natureza ficou mais triste, mais inquieta, deixaste uma terra órfã…

Saudade, da tua esperança no futuro - nunca te ouvi falar muito do passado -, no acreditar da juventude e das gerações vindouras, na convicção de que no presente estamos a semear as raízes para um amanhã que todos queremos melhor.

Partiste, calou-se a tua voz das cantigas ao desafio, sempre o primeiro a aparecer quando se ouvia uma guitarra ou uma concertina, sempre o ultimo a abandonar o despique, nesses momentos genuínos dos artistas das nossas aldeias.

Saudade, da tua eterna juventude, as crianças gostavam de ti, porque ao pé delas também eras criança, as brincadeiras, as anedotas, o parceiro de qualquer jogo, o rebolar de pedras por uma encosta, o dançar trapalhão numa qualquer festa…

Partiste, deixaste um mundo a separar-nos, mas paraste no tempo e nós continuamos a acompanhar a vida, amanhã, um dia destes, vamos alcançar-te e juntos, de novo, viver a eternidade.

Saudade, de todos que te amavam, dos campos que ficaram na solidão do vazio… As lágrimas são lagos no nosso olhar, a natureza transforma em orvalhada o grito da tua ausência…

Partiste… eterna saudade!

Até amanhã, meu pai!



Carlos Manuel Fernandes Gonçalves

segunda-feira, 12 de março de 2012

NAVEGAR!




Inventar o onírico de sonhos belos,
Navegar no leito dos teus cabelos,
Perder-me na imensidão do teu olhar,
Descobrir a fome na sede dos teus lábios,
Saciar desejos na volúpia dos teus seios,
Desaguar nas ondas de posse do teu amar…



Carlos Manuel Fernandes Gonçalves

Quinta do Anjo, 10 de Março de 2012

sexta-feira, 9 de março de 2012

PORTO SEM ABRIGO!



Em voos luxuriantes,
Gostas de variar beirais,
Exibindo a plumagem,
No garboso da paisagem,
Fazendo do corpo um cais.
Não um cais porto de abrigo,
Mas um abrigo sem cais…



Carlos Manuel Fernandes Gonçalves

Quinta do Anjo, 21 de Janeiro de 2012 (15H43)

terça-feira, 6 de março de 2012

MAR [… amar]!




Na praia olhando o mar…
Dois desassossegos em confronto,
No mar, a inquietude das ondas,
Em mim, a inquietude da alma.
Na distância quase me afogo
Nas águas tempestuosas da saudade,
Quando te encontro,
No desvario do abismo do teu ser…



Carlos Manuel Fernandes Gonçalves

Quinta do Anjo, 6 de Março de 2012 (11H04)

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

A ILHA DA MINHA PAIXÃO!




Tenho um barco à vela,
Sou o timoneiro de mim,
Sigo viagem...
Subo os mastros,
Enfuno as velas,
O mar está revolto
O vento arrasta-me,
Um bolinar de desencanto...
Navego em mar de escolhos,
De serpentes,
De seres demoníacos,
De brisas uivantes,
De vozes que escarnecem de mim...
Passo o cabo dos desamores,
A caminho do de amores...
Na certeza que na nossa ilha,
Estás sempre a minha espera,
Tecendo saudades de mim,
Comendo desejos do meu corpo,
Bebendo a água salgada da minha ausência...
Esperas-me nua,
As ondas do mar são a lingerie com que te vestes,
No deleite do meu olhar,
Já avisto o nosso oásis,
Já te sonho a ti...
Vislumbro no desenho daquela nuvem,
Os teus braços abraçando o meu espaço,
Os teus lábios me assoprando beijos,
O mar é chão,
A água és tu...
Levo-te o meu corpo, a minha alma,
Levo-te uma rosa vermelha...
Amo-te!


Carlos Manuel Fernandes Gonçalves

Quinta do Anjo, 14 de Outubro de 2011 (11H10)

domingo, 19 de fevereiro de 2012

POEMA DE AMOR!




Estava encostado à serra,
Sentindo o relógio do tempo,
Ouvindo o cantar do silêncio...
Passa por mim o vento e diz:
‘Faz-me um poema de amor’!
Já me tinha esquecido,
Como se faz um poema de amor,
Mas tentei...
Reuni as minhas fontes inspiradoras:
As nuvens andavam perdidas,
Só uns farrapos distantes me desenhavam ausências;
O céu estava azul, mas tão frio,
Que me enregelou os sonhos nos voos do meu espírito;
O sol escondia-se pálido no horizonte,
O arco – íris pintava de preto o ocaso;
O vento era gélida brisa fugídia,
Uma imagem esbatida nas carícias do meu corpo;
A lua, sempre tão apaixonada,
Escondia envergonhada o quarto minguante;
O mar, do amar das minhas ondas encantadas,
Era espuma de pedra em desvairados desamores;
A serra da minha terra, em vez do paraíso da paisagem do etéreo,
Encheu-me de cacimbo os meus olhos sonhadores;
Os passarinhos, sempre tão esfusiantes na beleza do seu cantar,
Estavam quedos e mudos, em dormência embriagada, nos campos abandonados;
O riacho, de um murmurar tão doce e passadas de ballet,
Estava seco, exangue, margens esventradas, em terra nua;
As paixões, deusas e ninfas do meu entardecer,
Escondiam-se no nevoeiro de um dia que não existe...
Olho as sombras da serra,
O pôr-do-sol pardacento,
O frio que me assola a alma...
Passaram as horas,
Ficou o silêncio,
O vazio gritante,
As linhas em branco,
De um poema de amor,
Por escrever...



Carlos Manuel Fernandes Gonçalves

Quinta do Anjo, 19 de Fevereiro de 2012 (18H37)

sábado, 18 de fevereiro de 2012

A L M A !






Neste deserto sem fim,
Até de mim me esqueci.
Vivo num vale sem saída,
Onde me despego da vida
E mais me apego a ti!




Carlos Manuel Fernandes Gonçalves


Quinta do Anjo, 27 de Janeiro de 2012 (14H34)