sábado, 27 de agosto de 2011

CONTADORES DE HISTÓRIAS!

Em toda a minha vida me contaram histórias!

Na minha meninice, para adormecer, a minha mãe contava-me histórias dos lobos que, outrora, andavam na serra e que, famintos, comiam gado e também pessoas, das bruxas que se reuniam nas encruzilhadas para fazerem as suas festas e bruxedos, dos lobisomens, homens que em noites de lua-cheia se transformavam em lobos…

Na adolescência, na minha aldeia, gostava de ouvir os mais velhos, falarem destas e outras histórias, a maior parte ficção, contos inventados, que eu fazia por acreditar, no encanto que sentia pela imaginação daquelas gentes, já muito vividas na história da vida.

Na juventude e mais tarde homem, continuaram a contar-me histórias, umas inócuas, sem maldade, e outras que, por acreditar nelas, me deixaram marcas.

Hoje quando falam comigo, tento sempre discernir a diferença entre ficção e realidade, uma forma de salvaguardar o espírito de um possível engano. Nesta minha forma de ser, já tenho tido surpresas, acreditar em mentiras e duvidar de verdades, mas a vida será sempre assim, ninguém é detentor da única verdade, ninguém é mentiroso congénito…

Toda esta reflexão para um julgamento que faço destes contadores de histórias: há os que contam contos infantis, histórias de encantar, narrativas ficcionadas, que gostei de ouvir e ainda hoje recordo com saudade; em contrapartida, há os que me contam histórias, como verdades, para eu acreditar, quando eu sei o quão difícil é inventar verdades, das mentiras que querem que acredite.


Carlos Manuel Fernandes Gonçalves

Quinta do Anjo, 15 de Agosto de 2011 (12H10)

sábado, 20 de agosto de 2011

MULHER PAIXÃO!



És uma mulher deslumbrante,
Formosa,
Sensual,
Maravilhosa…
Cabelos longos,
Olhos lindos,
Rosto belo,
Seios voluptuosos,
Vale libidinoso,
Ancas fascinantes,
Andar altivo, perturbante,
Sensualidade, feita desejos…

Tens, inteiro, o mundo na mão,
Maravilhado,
Encantado,
Apaixonado…
A natureza canta-te trovas de amor,
No voo dos passáros,
No sussurar das ondas do mar,
No múrmurio dos riachos,
No perfume dos campos,
Nas ardências do sol,
Na paixão da lua…
Os homens andam perdidos por ti,
Adolescentes na puberdade,
Casados, bem e mal casados,
Solteiros, felizes e incapazes,
Maduros, marialvas e machões,
Velhos senis,
Gays carinhosos,
Gigolôs de biceps grandes e cérebro pequeno,
As mulheres olham-te invejosas,
As lésbicas amam-te…

És o centro do universo,
Admiração,
Paixão,
Loucura…
Também te quero,
Adoro,
Desejo…
Não te sou indiferente,
Olhas-me como uma coisa,
Um objecto diferente...
Brincas comigo,
Desnudas-te para mim…
Vejo-te sempre nua,
Gostava ver-te vestida!


Carlos Manuel Fernandes Gonçalves

Quinta do Anjo, 12 de Agosto de 2011 (14H48)

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

CREPÚSCULO!



Vem vida... ando evadido,
Não tenho onde me acoite,
Sou alma errante na noite,
Corpo inerte, estou perdido.


Com amor no pensamento,
Disperso em densos madrigais,
O eco dos passos são cais,
Onde aporta o sofrimento.


O vento mima o medonho,
Mas fustiga o meu sonho,
De morrer vivendo amor.


Nestas ardências sem lume,
As cinzas são o perfume,
De labaredas sem calor.




Carlos Manuel Fernandes Gonçalves


Quinta do Anjo, 7 de Agosto de 2011

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

CHUVA NA ALMA!



Cai a chuva levemente,
Docemente cai no chão,
Ecoa no meu coração,
Em sonolência dormente.


Gostava que caísse forte,
Que desabasse com estrondo,
Para acordar o hediondo,
Desta indolência de morte.


Cheira a terra ressequida,
Um chamamento de vida,
Um grito no emudecer.


Presa em gota desflorada,
A minha alma amurada,
Vagueia no anoitecer.




Carlos Manuel Fernandes Gonçalves


Quinta do Anjo, 1 de Agosto de 2011 (15H52)