sábado, 27 de agosto de 2011

CONTADORES DE HISTÓRIAS!

Em toda a minha vida me contaram histórias!

Na minha meninice, para adormecer, a minha mãe contava-me histórias dos lobos que, outrora, andavam na serra e que, famintos, comiam gado e também pessoas, das bruxas que se reuniam nas encruzilhadas para fazerem as suas festas e bruxedos, dos lobisomens, homens que em noites de lua-cheia se transformavam em lobos…

Na adolescência, na minha aldeia, gostava de ouvir os mais velhos, falarem destas e outras histórias, a maior parte ficção, contos inventados, que eu fazia por acreditar, no encanto que sentia pela imaginação daquelas gentes, já muito vividas na história da vida.

Na juventude e mais tarde homem, continuaram a contar-me histórias, umas inócuas, sem maldade, e outras que, por acreditar nelas, me deixaram marcas.

Hoje quando falam comigo, tento sempre discernir a diferença entre ficção e realidade, uma forma de salvaguardar o espírito de um possível engano. Nesta minha forma de ser, já tenho tido surpresas, acreditar em mentiras e duvidar de verdades, mas a vida será sempre assim, ninguém é detentor da única verdade, ninguém é mentiroso congénito…

Toda esta reflexão para um julgamento que faço destes contadores de histórias: há os que contam contos infantis, histórias de encantar, narrativas ficcionadas, que gostei de ouvir e ainda hoje recordo com saudade; em contrapartida, há os que me contam histórias, como verdades, para eu acreditar, quando eu sei o quão difícil é inventar verdades, das mentiras que querem que acredite.


Carlos Manuel Fernandes Gonçalves

Quinta do Anjo, 15 de Agosto de 2011 (12H10)