domingo, 1 de fevereiro de 2009

N A T U R E Z A

A NATUREZA E A MINHA VIDA

Natureza, milagre da existência, deusa dos sentidos, realidade dos sonhos…
Em ti existe a diferença entre a monotonia da vida e a inconstância dos homens; manténs a virgindade, mesmo quando te violam e possuem todos os dias; és graciosidade e encanto em movimento; és vida com leis divinas e não escritas; és eterna, a maior maravilha do mundo!


Natureza, terra, água, ar e fogo!

Natureza terra:

Planície doce e calma, campos ondulantes e floridos, amálgama de cores -arco - íris -, árvores frondosas e esculturais, fruta, pão e vinho…

Serra da minha terra, em que me embrenho, no avivar dos caminhos que meus pais e meus antepassados pisaram, no calcar do mato agreste, no cheiro das flores selvagens, na tranquilidade daquela fraga, altar de xisto onde o meu espírito ouve o culto do divino, no encanto da paisagem que me abraça, nos círculos do voo da águia, nos horizontes abertos à imaginação…Neste local paradisíaco, fascínio dos meus sentidos, quedo-me, deslumbrado e maravilhado neste milagre de vida, a angústia e desesperança no presente, que interiorizo, revertem em doce calma, sinto o renascer dos sonhos e a esperança no futuro…

Montes escarpados e vales verdejantes, molde da terra onde nasci: vida a subir ao monte, vida a descer ao vale…
Monte, elevação natural do espírito, devaneio e liberdade; vale, beleza dos sentidos, local do entardecer, onde dou um passo mais e fico sem pé na vida.

Natureza água:

Mar, tanta água, tanta vida, tanta esperança, tanto futuro… profundidade!
Mar, simultaneamente, terno e insubmisso, ninguém te consegue dividir - ao contrário da terra -, por vezes tormentoso, mas nunca odiado.
Mar das minhas quimeras, mar que me alucinas, companheiro dos dias da minha serenidade, inquietude das noites da minha escuridão…
Mar, tanto me enfeitiças, como me angustias! No remanso das tuas águas encontro o meu sossego, no desassossego das tuas ondas encontro as minhas mágoas!
Sentado naquela arriba e admirando as vagas que chegam a terra, leio as passagens da minha vida, cada onda reflecte um passo da minha existência: os momentos bons, a alegria e a felicidade; os momentos maus, a tristeza e a desventura; os sonhos e o amor…

Rios, fontes e regatos, águas doces, puras e cristalinas. Nesta virgindade da natureza, sacio o desejo ao beber a água do cálice da esperança, uma nega às águas salgadas e inquinadas que vou bebendo ao longo da vida.

Natureza ar:

Lua dos poetas, das utopias, das paixões!
Planeta dos meus sonhos de criança, da luz que me ilumina na noite, dos meus beijos ao luar…
Satélite da minha Terra, devaneio do meu espírito, clarão da minha imaginação…

Nuvens de diversas formas, de diversas cores, mais altas, mais baixas, com água ou sem ela, mais quentes, mais frias, calmas ou tempestuosas, pinceladas de pintor…
Nuvens que são, em momentos, a figura abstracta da minha paixão, a beleza do etéreo, noutras ocasiões, a escuridão da alma nas agonias da vida.

Vento, ar em movimento, viajante incansável e indomável, tanto acaricias, como agrides! Levas e trazes notícias do meu amor, os teus doces murmúrios e os teus uivos angustiantes, são palpitações do meu ser na caminhada da minha existência.

Natureza fogo:

Sol, calor da terra, luz da vida!
Luz da minha infância e da minha adolescência; da minha juventude e do meu apogeu; da minha tarde e do meu entardecer; do meu crepúsculo e do meu ocaso…
Sol que me queimavas quando o meu corpo era ardente, sol que me aqueces agora que o meu corpo arrefenta.
Vulcão da minha existência, lava do meu coração, Sol, em ti não há traição, amas todos por igual, os teus beijos são as carícias da vida!

Natureza fogo, mulher que amo: flor a desabrochar na Primavera; mar calmo de êxtase e beleza no Verão; doce seara ondulante de espigas maduras no Outono; brasas de calor perene nas noites de Inverno…


Natureza, és a minha ilusão, a minha paixão, o meu amor… adoro-te!


Quinta do Anjo, 15 de Janeiro de 2009

Carlos Manuel F.Gonçalves

Sem comentários: