sábado, 30 de julho de 2011

AUTO-RETRATO!



Quando nasci quis ser alto,
Mas bebi torpe veneno,
Não cresci, fiquei pequeno,
Andei nas margens a salto.


Sempre bom conversador,
Mesmo falando à calada,
Com língua sempre afiada,
Cantando amor e dor.


Amante de belezas alheias,
Perseguido pelas feias,
De poeta muito pouco.


Em existência de ninguém,
Fiz das paixões o meu bem,
Funesto voar dum louco.




Carlos Manuel Fernandes Gonçalves


Quinta do Anjo, 30 de Julho de 2011

segunda-feira, 18 de julho de 2011

JUVENTUDE!


Fugiste…
Andas perdida,
Amor!
A tua sombra,
É a eternidade,
Onde me procuro,
Para te encontrar.
Nela derramo,
Esperanças,
Sonhos,
Desejos,
Loucuras…
No engano de mim,
O teu vazio,
É o restolho,
Onde refulgem,
Fantasmas esquecidos,
Em almas aladas.
Andas perdida,
Amor,
No reflexo de ti,
No negativo de mim…


Carlos Manuel Fernandes Gonçalves

Quinta do Anjo, 14 de Julho de 2011

sábado, 9 de julho de 2011

POESIAS DE DOR E OCASO!


DOR [… paixão no ocaso]!

A vida é espuma de ondas,
Sempre a perder-se na areia,
Um vazio de maré cheia,
Em torrentes desavindas.

Nasci em berço de palhas,
Cresci em cama de pedras,
Vivi no abraço de Heras,
Morro sorvendo migalhas.

Por muito que cante amor,
A vida é somente dor,
Um fogo em que me abraso.

Amanhã quando partir,
Finalmente vou sentir,
Toda a paixão no ocaso.


Carlos Manuel Fernandes Gonçalves

Quinta do Anjo, 8 de Julho de 2011 (16H29)



DESNORTE [… febre]!

Em delírio de desnorte,
Avisto passos falantes,
Sinto vozes andantes,
Neste passeio de morte.

Numa febre de piedade,
Oiço uma ave a chorar,
Ontem ouvia-a cantar,
Agora, vejo uma grade.

Um corpo que foi amor,
Passou apenas a ser dor,
Uma sombra do passado.

Neste penar que me droga,
Sou uma alma que se afoga,
Triste destino do meu fado.


Carlos Manuel Fernandes Gonçalves

Setúbal, 23 de Maio de 2011