sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

NATAL [… Menino]!

Menino peço -Te a graça,
De não seres sempre menino,
Em criança tudo passa,
Mas não é esse o destino.

Tantas eras já passadas,
Menino Jesus é Teu nome,
Tantas esperanças terminadas,
Tantas crianças com fome.

Jesus não tenho devoção,
Para Te pedir perdão,
Das culpas em que me afundo.

Mas uma coisa eu Te digo,
Que seja para meu castigo,
Mas Divino salva o Mundo!


Carlos Manuel Fernandes Gonçalves

domingo, 20 de novembro de 2011

AVE DE ARRIBAÇÃO [… andorinha]!



Sou uma ave de arribação,
Andorinha...
Chego nos lírios da Primavera,
Vivo o Verão dos meus amores,
Regresso ao Outono do meu presente,
Hiberno nas sombras do meu torpor...
Elevo-me,
Voo sem destino,
Pairo,
Flutuo…
Viagens suaves, apaixonadas,
Agrestes desfiladeiros, angústias...
Perco-me na brisa do tempo,
Nas brumas do vendaval,
Mas, mesmo perdido da vida,
Volto sempre ao mesmo beiral!

Quinta do Anjo, 17 de Novembro de 2011 (20H43)

Carlos Manuel Fernandes Gonçalves

domingo, 23 de outubro de 2011

VIVO A MORRER A VIDA!



Vivo a morrer a vida,
No angustiante medo de viver,
Se tudo na vida é morrer,
Quando o destino é apenas ida.

Afogo-me na manhã calma,
O dia é apenas nevoeiro,
O corpo recusa o soalheiro,
A noite é vendaval da alma.

Nem tu, amor, me soubeste amar,
Amor apenas encontrei no mar,
Nas noites de luar em que te perdi.

Em alucinação de silêncios aflitos,
Clamam na minha alma os gritos,
Nesta perdição de me perder de ti.


Quinta do Anjo, 22 de Outubro de 2011 (15H07)

Carlos Manuel Fernandes Gonçalves

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

VER O MAR [… contigo]!




Hoje quero ir contigo ver o mar!
Ouvir a teu lado a sinfonia da tarde no som das gaivotas,
Quero que me contes se és o oceano do meu desaguar...
As minhas pegadas coladas aos teus passos,
O murmúrio das ondas no bater dos nossos corações,
O nascer do sol na imensidão do teu olhar,
O odor da maresia no perfume do vento,
O deserto da lonjura no perto dos teus lábios,
A minha mão na carícia da tua,
Os meus olhos no reflexo dos teus,
Os meus braços nos teus abraços,
A minha boca na posse dos teus beijos,
Os meus beijos na posse do teu corpo…
A brisa da paixão no desnudar das almas,
O leito dos desejos na areia das dunas,
Os ais dos corpos no arfar da brisa,
A loucura insana na perdição de amar…
Quero que me digas:
Se és o presente do meu verbo amar,
Se és o meu mar!


Quinta do Anjo, 1 de Outubro de 2011 (16H55)

Carlos Manuel Fernandes Gonçalves

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

LIBERDADE!



Livres são os pássaros, quando os deixam voar;

Livre é o mar, quando o deixam sossegar;

Livre é o beijo, quando o deixam sonhar;

Livre sou eu quando me deixam amar...



Carlos Manuel Fernandes Gonçalves

Quinta do Anjo, 29 de Setembro de 2011

sábado, 24 de setembro de 2011

‘ONE NIGHT ONLY' [...putas]!

Uma mulher que trai o homem,
Que diz que adora,
Que diz que ama,
Que jura amor,
Fidelidade,
Para sempre, para a eternidade,
É uma puta!
Não, não é uma prostituta,
A prostituta vende o corpo,
A puta dá-o.
Na minha juventude,
Os homens iam às prostitutas ao Bairro - Alto,
Agora as putas vão ter com eles.
Falam com doçura,
Com meiguice,
Rosto lindo,
Lábios apaixonados,
Corpo sedutor…
Oferecem-se,
Insinuam-se,
Dão-se…
Fazem sexo,
Não fazem amor.
Volúveis,
Dizem:
Amo-te,
Quero-te,
Desejo-te,
Nem que seja por uma noite,
‘One nigth only’ …
Passa a noite,
De desejos,
De volúpia,
De tesão,
De paixão…
Depois,
Saciados os corpos,
Perdida a alma,
Uma noite esquecida…
Amanhã,
Um outro homem,
Uma outra noite…
Uma noite apenas,
‘one night only’!


Carlos Manuel Fernandes Gonçalves

Quinta do Anjo, 10 de Agosto de 2011 (21H05)

sábado, 10 de setembro de 2011

MULHER [... flor]!



A mulher é uma flor,
Vermelha, paixão,
Virgem, um botão,
A desabrochar, amor.

É volúvel, beleza,
Inebriante, perfume,
Uma selva de lume,
Com picos, alteza.

Mais tarde, segura,
Desfolhada, madura,
É sedução, encanto.

A mulher é uma rosa,
Uma maravilha, viçosa,
Para ela o meu canto.


Carlos Manuel Fernandes Gonçalves

Quinta do Anjo, 9 de Setembro de 2011 (17H12)

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

AMANHECER!



Contemplo a tua chegada,
Vens… és um sonho sedutor,
Excitas a minha alma,
Fazes voar o meu corpo…
És andorinha,
Amena brisa,
Uma nuvem desenhada,
Uma borboleta a cantar…
No florescer do teu prado,
Germina o fruto da minha fome,
No regato da tua nascente,
Corre a água da sede de mim…
No meu jardim encantado,
Crescem rosas vermelhas,
No onírico da minha vida,
No perfume delas,
Na paixão de ti…

Carlos Manuel Fernandes Gonçalves

sábado, 27 de agosto de 2011

CONTADORES DE HISTÓRIAS!

Em toda a minha vida me contaram histórias!

Na minha meninice, para adormecer, a minha mãe contava-me histórias dos lobos que, outrora, andavam na serra e que, famintos, comiam gado e também pessoas, das bruxas que se reuniam nas encruzilhadas para fazerem as suas festas e bruxedos, dos lobisomens, homens que em noites de lua-cheia se transformavam em lobos…

Na adolescência, na minha aldeia, gostava de ouvir os mais velhos, falarem destas e outras histórias, a maior parte ficção, contos inventados, que eu fazia por acreditar, no encanto que sentia pela imaginação daquelas gentes, já muito vividas na história da vida.

Na juventude e mais tarde homem, continuaram a contar-me histórias, umas inócuas, sem maldade, e outras que, por acreditar nelas, me deixaram marcas.

Hoje quando falam comigo, tento sempre discernir a diferença entre ficção e realidade, uma forma de salvaguardar o espírito de um possível engano. Nesta minha forma de ser, já tenho tido surpresas, acreditar em mentiras e duvidar de verdades, mas a vida será sempre assim, ninguém é detentor da única verdade, ninguém é mentiroso congénito…

Toda esta reflexão para um julgamento que faço destes contadores de histórias: há os que contam contos infantis, histórias de encantar, narrativas ficcionadas, que gostei de ouvir e ainda hoje recordo com saudade; em contrapartida, há os que me contam histórias, como verdades, para eu acreditar, quando eu sei o quão difícil é inventar verdades, das mentiras que querem que acredite.


Carlos Manuel Fernandes Gonçalves

Quinta do Anjo, 15 de Agosto de 2011 (12H10)

sábado, 20 de agosto de 2011

MULHER PAIXÃO!



És uma mulher deslumbrante,
Formosa,
Sensual,
Maravilhosa…
Cabelos longos,
Olhos lindos,
Rosto belo,
Seios voluptuosos,
Vale libidinoso,
Ancas fascinantes,
Andar altivo, perturbante,
Sensualidade, feita desejos…

Tens, inteiro, o mundo na mão,
Maravilhado,
Encantado,
Apaixonado…
A natureza canta-te trovas de amor,
No voo dos passáros,
No sussurar das ondas do mar,
No múrmurio dos riachos,
No perfume dos campos,
Nas ardências do sol,
Na paixão da lua…
Os homens andam perdidos por ti,
Adolescentes na puberdade,
Casados, bem e mal casados,
Solteiros, felizes e incapazes,
Maduros, marialvas e machões,
Velhos senis,
Gays carinhosos,
Gigolôs de biceps grandes e cérebro pequeno,
As mulheres olham-te invejosas,
As lésbicas amam-te…

És o centro do universo,
Admiração,
Paixão,
Loucura…
Também te quero,
Adoro,
Desejo…
Não te sou indiferente,
Olhas-me como uma coisa,
Um objecto diferente...
Brincas comigo,
Desnudas-te para mim…
Vejo-te sempre nua,
Gostava ver-te vestida!


Carlos Manuel Fernandes Gonçalves

Quinta do Anjo, 12 de Agosto de 2011 (14H48)

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

CREPÚSCULO!



Vem vida... ando evadido,
Não tenho onde me acoite,
Sou alma errante na noite,
Corpo inerte, estou perdido.


Com amor no pensamento,
Disperso em densos madrigais,
O eco dos passos são cais,
Onde aporta o sofrimento.


O vento mima o medonho,
Mas fustiga o meu sonho,
De morrer vivendo amor.


Nestas ardências sem lume,
As cinzas são o perfume,
De labaredas sem calor.




Carlos Manuel Fernandes Gonçalves


Quinta do Anjo, 7 de Agosto de 2011

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

CHUVA NA ALMA!



Cai a chuva levemente,
Docemente cai no chão,
Ecoa no meu coração,
Em sonolência dormente.


Gostava que caísse forte,
Que desabasse com estrondo,
Para acordar o hediondo,
Desta indolência de morte.


Cheira a terra ressequida,
Um chamamento de vida,
Um grito no emudecer.


Presa em gota desflorada,
A minha alma amurada,
Vagueia no anoitecer.




Carlos Manuel Fernandes Gonçalves


Quinta do Anjo, 1 de Agosto de 2011 (15H52)

sábado, 30 de julho de 2011

AUTO-RETRATO!



Quando nasci quis ser alto,
Mas bebi torpe veneno,
Não cresci, fiquei pequeno,
Andei nas margens a salto.


Sempre bom conversador,
Mesmo falando à calada,
Com língua sempre afiada,
Cantando amor e dor.


Amante de belezas alheias,
Perseguido pelas feias,
De poeta muito pouco.


Em existência de ninguém,
Fiz das paixões o meu bem,
Funesto voar dum louco.




Carlos Manuel Fernandes Gonçalves


Quinta do Anjo, 30 de Julho de 2011

segunda-feira, 18 de julho de 2011

JUVENTUDE!


Fugiste…
Andas perdida,
Amor!
A tua sombra,
É a eternidade,
Onde me procuro,
Para te encontrar.
Nela derramo,
Esperanças,
Sonhos,
Desejos,
Loucuras…
No engano de mim,
O teu vazio,
É o restolho,
Onde refulgem,
Fantasmas esquecidos,
Em almas aladas.
Andas perdida,
Amor,
No reflexo de ti,
No negativo de mim…


Carlos Manuel Fernandes Gonçalves

Quinta do Anjo, 14 de Julho de 2011

sábado, 9 de julho de 2011

POESIAS DE DOR E OCASO!


DOR [… paixão no ocaso]!

A vida é espuma de ondas,
Sempre a perder-se na areia,
Um vazio de maré cheia,
Em torrentes desavindas.

Nasci em berço de palhas,
Cresci em cama de pedras,
Vivi no abraço de Heras,
Morro sorvendo migalhas.

Por muito que cante amor,
A vida é somente dor,
Um fogo em que me abraso.

Amanhã quando partir,
Finalmente vou sentir,
Toda a paixão no ocaso.


Carlos Manuel Fernandes Gonçalves

Quinta do Anjo, 8 de Julho de 2011 (16H29)



DESNORTE [… febre]!

Em delírio de desnorte,
Avisto passos falantes,
Sinto vozes andantes,
Neste passeio de morte.

Numa febre de piedade,
Oiço uma ave a chorar,
Ontem ouvia-a cantar,
Agora, vejo uma grade.

Um corpo que foi amor,
Passou apenas a ser dor,
Uma sombra do passado.

Neste penar que me droga,
Sou uma alma que se afoga,
Triste destino do meu fado.


Carlos Manuel Fernandes Gonçalves

Setúbal, 23 de Maio de 2011

sábado, 18 de junho de 2011

PARDAL!



Gostava de ser pardal,
Para cantar-te,
(no beiral do teu ninho)
Para beijar-te,
(no morango dos meus desejos)
Para desnudar-te
(na brisa aberta do teu corpo)
Para amar-te...
(na cama onde os homens dormem)


Carlos Manuel Fernandes Gonçalves

Quinta do Anjo, 31 de Março de 2011

quarta-feira, 1 de junho de 2011

PÔR DO SOL [… orgasmo do dia]!




Entardecer!
Praia cor poente,
A suavidade das ondas,
Deitados nas dunas,
Tu e eu...
Ao longe o silêncio do mar,
Em nós o grito dos corpos...
A minha boca na sede da tua pele,
As mãos nos esconderijos do sol,
A paixão nos desejos de ti...
A carícia das nuvens,
A lírica das gaivotas,
O penetrar da brisa,
O gemer da areia,
O orgasmo do dia...
Pôr do sol!


Carlos Manuel Fernandes Gonçalves

Quinta do Anjo, 14 de Maio de 2011

sexta-feira, 20 de maio de 2011

ESTRELA [… no entardecer]!



És um novo amanhecer,
Uma doce ave a cantar,
Um poema por inventar,
Uma estrela no entardecer.


Vieste do surreal do nada,
Uma doce brisa na tarde,
Meigamente, sem alarde,
Entraste na minha vida.


És um idílio do nascente,
Um rio de sol sem poente,
Mar de ondas a desaguar.


Neste frio do meu anoitecer,
És o calor do meu arrefecer,
O fulgor de uma noite de luar.


Carlos Manuel Fernandes Gonçalves

terça-feira, 3 de maio de 2011

MARIA DA NOITE!


Com a manhã a acenar,
Geme o teu corpo cansado,
Um canto desesperado,
Um grito do teu penar...


És filha da solidão,
Triste sombra perdida!
Uma alma escondida,
Um leito na escuridão.


Quando o coração é dor,
És mulher que vende amor,
O corpo que tens para dar.


Depois de tantos te terem,
Em teu corpo se perderem,
Não sabes o verbo amar.




Quinta do Anjo, 2 de Maio de 2011


Carlos Manuel Fernandes Gonçalves

sábado, 23 de abril de 2011

JANGADA!



Em dunas do pôr do sol,
Neste crepúsculo do fim,
Antes da alma nascer,
Sou uma noite a viver,
Antes do morrer de mim.

Numa jangada perdida,
Em claridade cor de areia,
Adorava ser o mar,
Para nas ondas amar,
O teu corpo de sereia.


Quinta do Anjo, 23 de Abril de 2011

Carlos Manuel Fernandes Gonçalves

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

F I M [... até um novo amanhecer]!

A vida é uma fita, um filme daqueles em que o vilão morre sempre antes da palavra ‘fim’! A semana passada, eu o vilão da fita, escrevi um pronuncio de morte, esse fim que antecipava o ocaso da minha escrita. Por ora e até que um dia ressuscite, o que não acontecerá ao terceiro dia, o corpo vai acompanhar os devaneios da alma e voar por aí, chorando as minhas angustias, cantando o onírico do meu ser...

… Há sempre um novo amanhecer,
    Há sempre um novo poema por inventar...

Carlos Manuel Fernandes Gonçalves

Quinta do Anjo, 21 de Janeiro de 2010

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

M O R T E !


Quando me vieres buscar,
Que venhas devagarinho,
Num clamor de mansinho,
Para não me acordar.

Podes sempre me encontrar,
Em terra, mar, no verbo amar,
Podes sempre me chamar,
Mas não me podes domar.

Mesmo quando perecer,
Quero continuar a viver,
Quero continuar a amar…

Podes o corpo arrefecer,
A minha alma emudecer,
Mas não me podes castrar.

Carlos Manuel Fernandes Gonçalves

Quinta do Anjo, 12 de Janeiro de 2011



sábado, 8 de janeiro de 2011

AMOR ESTELAR!




Sou brisa, estrela de vento,
No etéreo te quero beijar.
Na terra não te posso amar,
Amo-te no firmamento.

Abraço as luzes soltas,
Que pões a nu ao passar.
Na paixão do meu sonhar,
O luar em que te ocultas.

Em espaço sideral,
O teu corpo celestial,
É fogo do meu prazer.

Se o teu rumo perderes,
E de mim desapareceres,
O meu destino é morrer!


Carlos Manuel Fernandes Gonçalves

Quinta do Anjo, 7 de Janeiro de 2011