sexta-feira, 28 de julho de 2017

M Ã E !





MAE!
Um nome com três letras,
M... de Mulher,
A... de Amor,
E... de Elvira,
Minha mãe!
Na minha não crendice em divindades,
Tu és o retrato da minha humanidade,
A pintura em que pincelo o meu mundo, 
A deusa da minha existência,
A minha eternidade...
Já passaram tantos anos,
O teu ventre pariu um ser,
Nasci eu,
O teu filho,
O teu menino...
Deste-me a vida,
Colo,
Mama,
Berço,
Carinho,
Beijos,
Amor...
Deste-me pão,
Educação,
Fizeste da criança homem,
A cantar esperança,
A sonhar sonhos,
A pisar pedras e espinhos,
A voar paixão,
A poetar amor...
Deste-me tudo,
Mesmo aquilo que estava além de ti,
Só não me deste saúde,
Isso não estava na tua mão.
Eu dei-te o que te podia dar,
Enchi-te a casa de amor,
No amor de uma mulher,
Que te deu o amor dos netos,
E o carinho dos bisnetos.
Hoje estamos nos passos do fim do tempo,
Tu já no ocaso do finito da vereda,
Eu no entardecer das sombras do caminho.
Amanhã tu vais chegar ao teu destino,
Vais parar para descansar,
E eu vou continuar a andar,
Não penses que te deixo só.
No estelar nos voltamos a encontrar,
Regresso ao teu ventre,
Ao mesmo cordão umbilical,
Às origens da vida...
E assim unidos num só,
Tu a minha mãe, eu o teu menino,
Vamos germinar no etéreo,
A vida que vivi quando nasci de ti.
 

Travessas, 17 de Julho de 2017

Carlos Manuel Fernandes Gonçalves

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

TRAVESSAS - ‘ACACIO DAS TRAVESSAS’ – 20 ANOS DE SAUDADE!





‘ACACIO DAS TRAVESSAS’ – 20 ANOS DE SAUDADE!





Partir!

Saudade!

Duas palavras que exprimem uma despedida, uma nostalgia, um sentimento de dor!

Partiste, meu pai, sem te despedires, foste ingrato, ires embora quando mais tínhamos necessidade de ti.

Saudade, pai, da tua presença amiga, da sabedoria dos teus conselhos, da fraternidade que sabias transmitir à família e aos amigos.

Partiste, levaste contigo um pouco de nós, assim como levaste a tua terra, Travessas, terra que tanto amavas.

Saudade, da tua jovialidade, da irrequietude, da confraternização, das festas, do convívio em qualquer lugar, do lançar do foguete mesmo que fosse necessário inventar pretexto…

Partiste, faz agora vinte anos, muitos anos de ausência, deixaste um vazio irreparável, podias ter partido mais tarde, com a tua maneira de ser, ainda hoje eras jovem.

Saudade, dos passeios que dávamos pelos campos, da tua alegria quando mostravas um novo enxame de abelhas, no nascimento duma vinha com nova casta, na floração duma jovem planta, no êxito duma enxertia feita em ramo de árvore bravia…

Partiste, deixaste uma terra abandonada, as silvas e as ervas daninhas ocuparam o espaço dos campos verdejantes, as vozes passaram a silêncios, as águas, outrora cristalinas e puras, passaram a turvas e inquinadas, os pássaros ou desapareceram ou ficaram mudos, a natureza ficou mais triste, mais inquieta, deixaste uma terra órfã…

Saudade, da tua esperança no futuro - nunca te ouvi falar muito do passado -, no acreditar da juventude e das gerações vindouras, na convicção de que no presente estamos a semear as raízes para um amanhã que todos queremos melhor.

Partiste, calou-se a tua voz das cantigas ao desafio, sempre o primeiro a aparecer quando se ouvia uma guitarra ou uma concertina, sempre o ultimo a abandonar o despique, nesses momentos genuínos dos artistas das nossas aldeias.

Saudade, da tua eterna juventude, as crianças gostavam de ti, porque ao pé delas também eras criança, as brincadeiras, as anedotas, o parceiro de qualquer jogo, o rebolar de pedras por uma encosta, o dançar trapalhão numa qualquer festa…

Partiste, deixaste um mundo a separar-nos, mas paraste no tempo e nós continuamos a acompanhar a vida, amanhã, um dia destes, vamos alcançar-te e juntos, de novo, viver a eternidade.

Saudade, de todos que te amavam, dos campos que ficaram na solidão do vazio… As lágrimas são lagos no nosso olhar, a natureza transforma em orvalhada o grito da tua ausência…

Partiste… eterna saudade!

Até amanhã, meu pai!

Quinta do Anjo, 11 de Novembro de 2016

Carlos Manuel Fernandes Gonçalves

sábado, 23 de maio de 2015

QUANDO O AMOR ACONTECE...





A ilha vai-se afundando,
As nuvens tiram o véu,
A serra sobe ao céu,
A gaivota vai voando…
Quando o amor acontece,
A vida não anoitece.

 
 
Carlos Manuel Fernandes Gonçalves

Quinta do Anjo, 12 de Agosto de 2012 ( 14H21)

 

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

ESTRELA [… da minha vida]!





És uma estrela!
Uma estrela candente,
Ornada de esplendor,
Resplandecente de fulgor,
Um corpo espaço, paixão...
Na visão do firmamento da vida,
Encontrei em ti os beijos das minhas noites,
Os braços do acordar do meu sonhar,
A luz que alumia o meu sentir,
A estrela da minha vida...
És o sol que refulge no braseiro em que ardo,
A claridade lunar da minha paixão,
O lençol das ondas de amar onde me enleio,
O perfume que bebo no cheiro do teu corpo,
O mistério da razão do meu viver...
Na eternidade da existência,
Vamos voar sempiternos enlaçados,
Dois corpos amantes em paraíso celeste,
Onde viveremos no sempre,
Do nosso eterno amor!
 

Carlos Manuel Fernandes Gonçalves

Quinta do Anjo, 1 de Fevereiro de 2015

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

NOITE [… acordar de sonhos]!



Dealbar da noite,
Pintura bucólica em tons de inverno!
O sol perece num ocaso de nuvens,
As sombras abraçam e escondem o dia,
O vento entoa uma ária gritante,
Na chuva deslizam pingos de lágrimas,
A lua oculta-se num firmamento sem céu…
Na janela do meu quarto,
O meu olhar despe-se nas brumas do nada,
Um vazio onde voa a minha alma errante,
Espírito que perdido na noite,
Perde penas de voar,
Ganha penas de penar…
No silêncio uivante do meu ser,
Inquieto-me, deliro,
Adormeço a vida,
Acordo o sonhar…
Em alucinação ambígua,
Sonho ser natureza agredida,
Vendaval,
Sonho ser universo de luz,
Ser sol…
E neste sonho,
Como um deus da eternidade,
Sou dilúvio,
Afogo o tempo,
Sou sol,
Acordo a vida…
Passada a noite,
Alvorece o dia,
Renasce a existência…
Vou dar vida aos sonhos,
Assentar pontes no abraço do infinito,
Firmar laços de amor,
Viver a eternidade,
O Éden de uma vida sem tempo!


Carlos Manuel Fernandes Gonçalves

Setúbal, 1 de Dezembro de 2014

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

LÁGRIMAS DE VERÃO!





Do nada brotam penas na manhã calma,
Chuva sem nuvens em finais de verão,
Pingos de dor onde se afoga o meu coração,
Lágrimas derramadas no amordaçar da alma…


Carlos Manuel Fernandes Gonçalves

Quinta do Anjo, 6 de Setembro de 2014 (18H20)

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

O PREÇO DO AMOR!





Não há amores grátis,
Tudo na vida se paga…
O mais barato é pagar amor com dinheiro,
O mais caro é pagar amor com amor…


Carlos Manuel Fernandes Gonçalves

Quinta do Anjo, 23 de Agosto de 2014

sábado, 9 de agosto de 2014

RETICÊNCIAS […]!




(...)
Reticências,
Um símbolo de mistério,
Com um significado que nada diz
... Ou que pode dizer tudo!
Três pontos que ao inverso dos pontos finais,
Deixam sempre tudo em aberto...
Três pontos que podem significar letras,
Que falam de um mundo de sentimentos,
De amizade,
De paixão,
De amor...
Reticências,
Nesta forma de pontuação,
Escrevo o teu nome e deixo reticências,
Sei que nesses três pontos tu vais pintar,
Toda a poesia que, tu sabes, eu te dedico...
Três pontos que te dizem em silêncio,
Todo os sonhos que nas palavras não te posso dizer...
Reticências,
Uma pontuação,
Uma emoção,
Uma verdade,
Sem reticências no sentir!
 
 
Carlos Manuel Fernandes Gonçalves

Quinta do Anjo, 6 de Julho de 2014

quinta-feira, 26 de junho de 2014

TEMPO DE VERÃO [... ardências]!

 


Estio!
Calor do clima,
Ardências da alma...
Onde o tórrido do sol
É vulcão no delírio dos corpos...
Quando no fogo da volúpia,
Ardem labaredas de insanos desejos...
Onde o dia voa em tempo sem horas
E a noite é lua das horas sem tempo...
Quando a praia é um leito de ondas
Onde se enrola a ânsia de amar...
Tempo em que o sal do suor da pele,
É lava onde bebem beijos sedentos...
Dias de paixão,
Em tempo de verão!


Carlos Manuel Fernandes Gonçalves

Quinta do Anjo, 21 de Junho de 2014 (10H51-chegada do verão)

domingo, 8 de junho de 2014

SABOR DE TI [… sede]!




As ondas do teu corpo,
São o mar onde navego,
Embriagam o fogo da minha boca,
Tem o sabor do mar salgado,
A brisa do odor da maresia…
Nesta sede que me abrasa,
Bebo-te a fonte com loucura,
Na perdição de insanos desejos,
Na certeza que nunca vou saciar,
Toda esta minha fome de beijos…




Carlos Manuel Fernandes Gonçalves

Quinta do Anjo, 31 de Maio de 2014