terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

A ILHA DA MINHA PAIXÃO!




Tenho um barco à vela,
Sou o timoneiro de mim,
Sigo viagem...
Subo os mastros,
Enfuno as velas,
O mar está revolto
O vento arrasta-me,
Um bolinar de desencanto...
Navego em mar de escolhos,
De serpentes,
De seres demoníacos,
De brisas uivantes,
De vozes que escarnecem de mim...
Passo o cabo dos desamores,
A caminho do de amores...
Na certeza que na nossa ilha,
Estás sempre a minha espera,
Tecendo saudades de mim,
Comendo desejos do meu corpo,
Bebendo a água salgada da minha ausência...
Esperas-me nua,
As ondas do mar são a lingerie com que te vestes,
No deleite do meu olhar,
Já avisto o nosso oásis,
Já te sonho a ti...
Vislumbro no desenho daquela nuvem,
Os teus braços abraçando o meu espaço,
Os teus lábios me assoprando beijos,
O mar é chão,
A água és tu...
Levo-te o meu corpo, a minha alma,
Levo-te uma rosa vermelha...
Amo-te!


Carlos Manuel Fernandes Gonçalves

Quinta do Anjo, 14 de Outubro de 2011 (11H10)

domingo, 19 de fevereiro de 2012

POEMA DE AMOR!




Estava encostado à serra,
Sentindo o relógio do tempo,
Ouvindo o cantar do silêncio...
Passa por mim o vento e diz:
‘Faz-me um poema de amor’!
Já me tinha esquecido,
Como se faz um poema de amor,
Mas tentei...
Reuni as minhas fontes inspiradoras:
As nuvens andavam perdidas,
Só uns farrapos distantes me desenhavam ausências;
O céu estava azul, mas tão frio,
Que me enregelou os sonhos nos voos do meu espírito;
O sol escondia-se pálido no horizonte,
O arco – íris pintava de preto o ocaso;
O vento era gélida brisa fugídia,
Uma imagem esbatida nas carícias do meu corpo;
A lua, sempre tão apaixonada,
Escondia envergonhada o quarto minguante;
O mar, do amar das minhas ondas encantadas,
Era espuma de pedra em desvairados desamores;
A serra da minha terra, em vez do paraíso da paisagem do etéreo,
Encheu-me de cacimbo os meus olhos sonhadores;
Os passarinhos, sempre tão esfusiantes na beleza do seu cantar,
Estavam quedos e mudos, em dormência embriagada, nos campos abandonados;
O riacho, de um murmurar tão doce e passadas de ballet,
Estava seco, exangue, margens esventradas, em terra nua;
As paixões, deusas e ninfas do meu entardecer,
Escondiam-se no nevoeiro de um dia que não existe...
Olho as sombras da serra,
O pôr-do-sol pardacento,
O frio que me assola a alma...
Passaram as horas,
Ficou o silêncio,
O vazio gritante,
As linhas em branco,
De um poema de amor,
Por escrever...



Carlos Manuel Fernandes Gonçalves

Quinta do Anjo, 19 de Fevereiro de 2012 (18H37)

sábado, 18 de fevereiro de 2012

A L M A !






Neste deserto sem fim,
Até de mim me esqueci.
Vivo num vale sem saída,
Onde me despego da vida
E mais me apego a ti!




Carlos Manuel Fernandes Gonçalves


Quinta do Anjo, 27 de Janeiro de 2012 (14H34)